Pior do que não ter uma história pra contar, é ter uma história incompleta...
Cheia de lacunas. Os espaços vazios me incomodam, me deprimem. Quando a sensação de que as coisas não terminam prolonga-se no nosso íntimo, é como se estivéssemos ouvindo um canção, e de repente - não mais que de repente - o rádio parasse de tocar: sem música, sem dança. E você até sente falta de fazer aqueles passos, do mesmo jeito que fazia antes, com o mesmo zelo, com o mesmo par. E o tempo vai passando. E as músicas, por enquanto, ainda restringem-se ao seu vasto imaginar. Uma dança lenta, desritmada, outrora alterada... E às vezes, a falta é tão grande que confunde-se com a abstinência: você precisa que a música toque novamente, e isso reverbera na sua consciência, mas ela insiste em não tocar.
Você então se desespera. E o espaço, o espaço continua vazio e impera. Assim como você: vazia por dentro. Por dentro, e por fora.
E o seu pensamento, único e inteiramente na música, que embalava a inocência de teus movimentos. Se não há embalo, adeus inocência. Se esvai-se a inocência, disseca-se os sentimentos - resseca-se a alma - e faz-se dela a frieza de um olhar, que por fora ampara-se num horizonte, particular, e distante - que procura enfim a música, a dança e o par, a fim de que possam se completar.
Pior que o silêncio após palavras impensadas, é o silêncio das palavras não ditas. La cu nas.
Um comentário:
Muito bom, frendimans!
Esse texto me lembra uma frase:
"Corações podem ser partidos por palavras que nunca foram ditas."
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