quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vestibular também é lição de vida.

Bem, eu estava há alguns meses, enrolando como sempre, pra assistir "Ensaio Sobre a Cegueira", filme de Fernando Meirelles, baseado na obra, de mesmo nome, de José Saramago. E como é cobrado no vestibular da UFBA, muitas pessoas falando bem, José Saramago morrendo... Foi o estímulo que faltava à preguiça de assistir filmes quem tem me assolado ultimamente. Enfim, assisti.
E achei fantástico! É incrível como o Fernando conseguiu transpor o cenário do livro para as telas, e como satisfez aos pedidos de Saramago, como o de fazer uma produção onde personagens não tinham nomes, a localização era nenhuma e múltipla ao mesmo tempo. E é incrível que mesmo sem os considerados "pontos básicos" de uma narrativa - o tempo e o espaço - deixaram de ser tão importantes à medida em que passávamos a vivenciar e compartilhar o drama dos personagens, que foram acometidos por uma espécie de "cegueira branca" subitamente. O fato de a esposa do oftalmologista ter sido a única a não ficar cega faz-me lembrar daquele velho ditado: "Em terra de cego, quem tem um olho é rei" - e ela tinha os dois funcionando em perfeitas condições, o que a fez mais que uma rainha - seria aquela que enxergaria por aqueles que já não tinham a capacidade de ver.
E só fechando os olhos para as aparências que podemos perceber como as pessoas realmente são, se são corruptas, imorais, violentas, ou pessoas boas por dentro, que muitas vezes o lacre, a embalagem torna-se a barreira intransponível que nos cega. E por mais que cada uma daquelas pessoas recobrassem as suas respectivas visões, o mundo já não seria o mesmo, passariam, mais do que ver, enxergariam, enfim. E isso sim seria uma lição. Contudo, apesar das lições que a vida nos dá, muitas vezes ignoramos esses testes, e "colamos". Insistimos em não querer aprender: quem garante que mesmo após a experiência de ficarmos cegos, termos depois a capacidade de ver devolvida, nós enxergaríamos o mundo de um ângulo diferente? Quem garante que a "transformação" não seja momentânea? Só a nossa consciência pode garantir, e isso, nem o mais corrupto dos seres é capaz de roubar.


Fica a indicação do filme, muito bom.

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