sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Mulher de Roxo

Eu lembro que sempre ouvia comentarem alguma coisa sobre a Mulher De Roxo. Eu sempre tinha medo daqueles mendingos que passavam na rua, com aqueles enormes sacos, aguém lá em casa sempre dizia que era pra pegar menina que não queria cortas as unhas (quando eu não queria cortar), menina que comia salada (quando eu não queria comer), e coisas do tipo. Mas certo dia, ouvi falarem que certa moça parecia a Mulher de Roxo, fiquei meio horrorizada com a figura e meio que "voei" no papo. Até que em outra ocasião, assistindooo a TV Cultura, vi passar um vídeo sobre a tal. Fiquei tão curiosa, e fui pesquisar sobre a figura. E aqui estou eu pra falar um pouco dela.

Trajando sempre uma roupa que lembrava um hábito de freira, porém, roxo, Florinda Santos - como se chamava - perambulava e dormia pela Rua Chile e imediações, no centro da capital baiana, Salvador. De boca, em boca, dizem que Florinda era moça de boa família, e bem instruída, que após uma desilusão amorosa (isso não me é estranho HAHAHA mas não vem ao caso!) - dizem que fora abandonada pelo noivo - resolveu "sair por aí". - Não importava se fizesse frio, ou calor, sol ou chuva - assim que o comércio abria suas portas dona Florinda já se encaminhava para a entrada da Sloper, que funcionava como espécie de centro do luxo comercial da elite da cidade.
A Mulher de Roxo andava de um lado para o outro, falava sozinha e sempre pedia dinheiro aos transeuntes, sempre com muita classe, o que reafirmava as suspeitas de que fosse de boa família.

Sua história é sempre muito incerta, já que nunca contou a ninguém - que se tenha conhecimento - sua verdadeira história. Muitos dizem que teria visto a mãe matar o pai, e logo após suicidar-se, outros que ela perdeu a filha de consideração e sua casa, num jogo, e ainda (talvez a hipótese mais aceita) que teria sido abandonada no altar.
Às vezes descalça, sempre com seu torço e um enorme crucifixo, dona Florinda tornou-se uma verdadeira lenda urbana, morreu em 1997 aos oitenta anos, e hoje é só lembrança. Pra "matar a saudade", temos algumas obras que foram inspiradas na grande figura, como uma entrevista exclusiva dela com o jornalista Marecos Navarro, um vídeo documentado pelo cineasta Robinson Roberto em 1985. Inspirou Glauber Rocha na criação do filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro ; como também inspirou o documentário com duração de 12 minutos: A Mulher de Roxo, feito pelo Pólo de Teledramaturgia da Bahia.

Bem, é isso. Não achei o curta metragem pra divulgar aqui, então tenho de concluir com o gostinho de 'queromais'. Ouçam Vila do Sossego, de Zé Ramalho (p.s.: pra mim, a melhor versão é com Cássia Eller ;)) Lembro sempre da Mulher de Roxo ao ouvi-la, não sei bem o por quê. Fiquem bem, e voltem sempre ;*

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